“O ano do podcast no Brasil”. Quem está por dentro desse formato de conteúdo há alguns anos sabe que essa frase vem sendo repetida, pelo menos, desde 2018. Coincidentemente ou não, foi justamente no ano em questão que surgiu um dos canais mais famosos do segmento no país, o qual já conta com milhares de fãs: o Flow Podcast.
O fato é que o formato de conteúdo em podcast já vinha crescendo consideravelmente no país há algum tempo. Produtores como o Jovem Nerd e a equipe B9, responsável por programas como Braincast e Mamilos, se destacam há anos com entrevistas e debates interessantes sobre assuntos que vão desde tecnologia e cultura pop à política e história.
E não é atoa que o formato de conteúdo é um verdadeiro sucesso. Afinal de contas, permite que o ouvinte possa consumir uma série de informações, através de entrevistas em conversas em áudio, sem precisar de fato estar atrelado e prestando atenção em uma imagem, como seria um programa de talk show - até a chegada do Flow.
Neste artigo, você irá conhecer um pouco mais de um dos canais de conteúdo mais famosos da internet atualmente, o Flow Podcast. Falaremos sobre como surgiu o programa que, comandado por dois amigos, foi responsável por trazer ao Brasil uma tendência um formato de conteúdo que já vinha se popularizando fora do país.
Dito isso, pegue logo o seu caderno de anotações ou abra o bloco de notas do celular e venha conferir um pouco mais sobre o assunto.
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Uma conversa de bar, em que entrevistados e entrevistadores conversam e debatem de forma completamente descontraída, sem intervalo ou obrigações “formais”. É justamente essa a principal proposta do Flow Podcast, que trouxe para o Brasil uma forma mais irreverente de se fazer conteúdo em áudio - e também vídeo.
A grande maioria dos podcasts mainstream, ou seja, os mais famosos e conhecidos pela galera, contam com pautas muito bem definidas, edições e inserções de áudio. Isso porque boa parte dos programas buscavam trazer uma cara mais “profissional” para o conteúdo, utilizando de vários recursos.
O Flow, então, surge para quebrar um “estigma” que se tinha até então no país de que um podcast precisa ser muito bem editado. Na verdade, o grupo de apresentadores cria quase uma outra forma de se produzir conteúdos em podcasts, em que o que se preza é a conversa descontraída e sem cortes.
Tudo isso, aderindo também a um formato de conteúdo que até então não era tão explorado no Brasil, o de podcasts em áudio e vídeo. Isso porque o programa não é somente disponibilizado em plataformas como Spotify e Google Podcasts como também no Youtube, em que toda a conversa é gravada em vídeo.
Antes de falarmos sobre como surgiu o Flow Podcast é interessante citar quem são os apresentadores que comandam essas conversas de, geralmente, mais de duas horas. Afinal de contas, o produto não funcionaria se não fosse o carisma, e até mesmo a polêmica, em alguns casos, dos hosts do canal.
Quem está por dentro da produção de conteúdo sobre jogos para o Youtube sabe que, por mais de uma década, os gameplays foram uma verdadeira febre na plataforma. E um dos youtubers que soube aproveitar bem essa onda, trazendo sua característica descontraída para cada jogatina, é o Igor 3K.
Natural do Rio de Janeiro, Igor tinha um canal no Youtube chamado 3K, em que publicava diversos gameplays. Foi justamente as lives e os vídeos que colocaram o então apresentador do Flow no mapa, fazendo com que o seu canal na plataforma alcançasse mais de 900 mil inscritos.
No entanto, desde que passou a ser apresentador do Flow Podcast, Igor praticamente não abastece mais a sua conta no Youtube. Já faz mais de um ano que o canal está sem novos conteúdos. No entanto, a diversidade de jogos, que vão de Super Mario World a Minecraft, ainda é grande e pode ser um prato cheio para quem busca conhecer mais do host.
Se as gameplays no Youtube foram uma verdadeira febre na década passada, muito disso se deve aos vídeos de Minecraft. O game, lançado oficialmente em 2011, praticamente ditou por ano a dinâmica dos vídeos sobre jogos na plataforma, através da criação de histórias, jogatinas em multiplayer e por aí vai.
E, no Brasil, um dos youtubers mais famosos dos primeiros anos de sucesso de Minecraft no Brasil sem sombra de dúvidas foi o Bruno Monark. O atual apresentador do Flow Podcast produziu diversos conteúdos interessantes para quem curtia o game, criando suas próprias histórias no jogo e muito mais.
Além disso, junto de outros youtubers da época, como Leon e Venom Extreme, Monark fazia vídeos extremamente bem produzidos voltado para um público que adorava Minecraft. Tudo isso fez com que ele ganhasse notoriedade no cenário e, por muito tempo, acumulou centenas de milhares de visualizações em suas produções.
No entanto, Monark cresceu, assim como o seu próprio público, e começou a se interessar por outros tipos de conteúdos. Dessa forma, ele passou a fazer gameplays de outros jogos, falar sobre os mais variados assuntos, que vão de política a tecnologia e, em 2018, ao lado de Igor, fundou por definitivo o Flow Podcast.
Em 2018 o cenário de podcasts já estava bem consolidado no Brasil, crescendo ano após ano com vários produtores excelentes. O Flow Podcast, então, surgiu nesse cenário já um tanto quanto consolidado, mas com a proposta diferente de ser um programa de conversas e não necessariamente de entrevistas.
Igor e Monark já afirmaram algumas vezes que a ideia de criar o Flow Podcast surgiu em um momento em que ambos estavam um tanto quanto revoltados e com vontade de criar algo diferente na internet. Afinal de contas, ambos já vinham de anos de produção de conteúdo em vídeo com gameplays.
Diferente da grande maioria dos podcasts, o Flow se destaca também por ser um programa sem pauta. Afinal de contas, a proposta é justamente ser uma conversa descontraída, e não uma entrevista, como já citamos anteriormente. Isso fez com que o programa se destacasse entre tantos outros, pelo formato diferenciado.
A ideia foi colocada em pauta e o primeiro episódio do Flow Podcast, publicado no canal do programa no Youtube, foi justamente um bate papo entre Igor e Monark. Foi só a partir do segundo episódio que o podcast começou a receber convidados e, então, se tornou um dos programas de maior audiência.
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O fato é que não se faz um podcast sem conteúdo ou entrevistas. Afinal de contas, é preciso que algo esteja sendo apresentado, por meio de um debate, discussão ou informação. E como a proposta do Flow Podcast é justamente ser um espaço para conversa, uma das grandes diferenças do programa são os convidados.
O Flow se destaca por trazer convidados das mais variadas áreas para falar sobre os mais diversos assuntos. Sendo assim, ao mesmo tempo em que, em um episódio, Igor e Monark contam com a presença de pessoas que produzem conteúdo sobre cultura pop, no outro estão conversando com políticos e governadores.
E é justamente por isso que o Flow consegue abranger uma quantidade tão grande de público, por falar com pessoas que falam sobre diversas coisas. Essa proposta, complementada com um ambiente descontraído e irreverente acaba rendendo diálogos extremamente interessantes.
Comediantes, influenciadores digitais, médicos, personal trainers, produtores de conteúdo, nerds, políticos e muito mais. O Flow Podcast, nos últimos anos, vem se consolidando como um espaço em que pessoas das mais variadas áreas são convidadas para falar sobre tudo - mesmo que não seja de seus próprios domínios.
O formato de apresentação do Flow Podcast fez com que Igor e Monark recebessem o carinhoso apelido de Joe Rogan brasileiros. Isso porque a fórmula do programa apresentado pelos dois se assemelha e muito ao de The Joe Rogan Experience - e você vai entender o porquê.
Joe Rogan é um comediante que trabalhou por anos como comentarista e entrevistador em lutas de UFC. O seu podcast, o The Joe Rogan Experience, traz convidados das mais diversas áreas, para falar sobre os mais variados assuntos, tudo com muito humor e descontração, o que fez com que o canal chegasse a milhões de inscritos.
Já ouviu falar dessas características em um podcast em vídeo? Pois é, Igor e Monark bebem da mesma fonte apresentada por Joe Rogan, mas certamente se diferenciam por conta do “jeitinho brasileiro”. Espontâneos e dispostos a falar sobre tudo, eles comandam conversas no estilo do The Experience, mas com suas próprias características.
Sendo assim, por mais que sejam chamados de Joe Rogan brasileiros, Igor e Monark fizeram do Flow Podcast um programa original e com a sua cara. Todas essas características, inclusive, fizeram com que fosse criada uma tendência na produção de conteúdo - os “mesacasts”.
Um programa inteiro gravado e disponibilizado em áudio em vídeo, em que apresentadores conversam em uma mesa com convidados, sem que haja cortes ou edições. É basicamente essa a estrutura do chamado “mesa cast”, um estilo de podcast que existe há anos - mas que nunca foi tão popular no Brasil quanto hoje.
Esse formato de podcast já vinha sendo experimentado por diversos programas no exterior. O próprio Joe Rogan trabalha com esse tipo de conteúdo. No entanto, no Brasil, não é exagero algum dizer que foi o Flow Podcast quem já ajudou a popularizar o “mesa cast”, hoje adotado por diversos produtores.
Em 2018, o cenário de podcasts no estilo de conversas descontraídas e sem cortes ainda não era tão popular no Brasil. O Flow, no entanto, acabou mostrando que era não apenas mais barato como até mesmo mais interessante para alguns tipos de públicos consumir conteúdos desse gênero, disponibilizados em áudio em vídeo.
Depois do Flow, passaram a surgir diversos programas no estilo “mesa cast” ao redor do país. O Podpah é outro podcast bastante conhecido atualmente, que bebe da mesma fonte, de entrevistas bem humoradas e sem cortes. O mesmo vale para o Venus Podcast e tantos outros que fazem sucesso hoje em dia.
Quem está acostumado a assistir entrevistas de rádio disponibilizadas em vídeo pode até se assustar na primeira vez que ver um episódio do Flow Podcast. Afinal de contas, se a proposta é justamente ser uma espécie de conversa de bar, não há como fugir da presença de bebidas e outras coisas comuns do ambiente.
O Flow se diferencia de muitos outros podcasts também por esse formato visual da conversa. Sendo assim, frequentemente durante as entrevistas você verá Igor, Monark e os convidados bebendo um uísque ou cerveja, com patrocínios de marcas de bebidas em alguns pontos do cenário.
Além disso, não raras vezes também verá o Monark bolando um cigarrinho suspeito ou todos da mesa fumando narguilé. Essas são características comuns do Flow Podcast e que fazem parte do programa, sendo praticamente uma marca do mesmo, que busca passar ao público esse espaço de irreverência de fato.
Essas características de drogas e bebidas durante as conversas fizeram com que o podcast recebesse uma série de críticas ao longo dos anos. No entanto, também faz parte da identidade do programa que vem conquistando milhares de fãs ano após ano e que, sem sombra de dúvidas, já é um negócio de sucesso.
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Um espaço com frigobar, mesa de madeira, microfones para entrevistados e convidados, TV de fundo e cortina. É justamente esse o ambiente utilizado por Igor e Monark para gravar os episódios do Flow Podcast, os quais fazem parte de uma identidade de algo que já é muito mais do que apenas um programa.
Com o passar dos tempos o Fow foi ganhando notoriedade e, hoje em dia, é visto tanto como um podcast quanto como um negócio. Afinal de contas, o que nasceu somente como um programa se tornou um espaço para anúncio de marcas e também um estúdio para a gravação de outros podcasts.
Os estúdios Flow contam com outros programas de sucesso que seguem o mesmo formato: mesa de madeira, conversa, descontração e nada de cortes. O Venus Podcast, já citado aqui, apresentado por Yasmin Yassine e Criss Paiva, e o Enxuga Gelo, idealizado pelo rapper Froid, são outros programas de sucesso que nasceram no espaço.
Ao todo, os Estúdios Flow são responsáveis pela produção de 14 podcasts diferentes. Igor e Monark têm a ideia e objetivo de crescer ainda mais e, para isso, seguem fazendo ampliações nos estúdios de gravação. Tudo isso fez com que o Flow se tornasse um empreendimento referência no ramo dos podcasts.
Para além da atuação do Flow enquanto estúdio de produção, é interessante pensar a forma como o Flow Podcast se mantém financeiramente. Isso porque estamos falando de conteúdos que são publicados todas as semanas de forma completamente gratuita, mas que ainda sim geram bons lucros para os envolvidos.
Uma das principais formas de financiamento do Flow Podcast é os patrocínios. No entanto, engana-se quem pensa que o programa é bancado por grandes empresas ou algo do tipo. Assim como outros programas do gênero, eles realizam parcerias para fazer anúncios durante as gravações, através de produtos ou itens no cenário.
No entanto, talvez a principal fonte de renda do Flow Podcast seja justamente o Youtube, que é onde os seus vídeos são publicados na íntegra e recebem milhões de visualizações. O programa também é distribuído em outras plataformas de áudio, sendo a mais famosa, obviamente, o Spotify.
Outro diferencial do Flow enquanto podcast é o fato de que eles transmitem as conversas ao vivo na Twitch, as quais depois são exportadas para o Youtube. É de lá que vem outra parte da renda do programa, por conta das visualizações e de um sistema externo em que os usuários pagam para fazer perguntas na plataforma.
Engana-se quem pensa que só há como assistir os episódios do Flow Podcast através do Youtube. Por mais que, de fato, a plataforma seja a de maior audiência do grupo, as conversas comandadas por Igor e Monark estão disponíveis em outros serviços como, por exemplo, a Twitch e Google Podcasts, Amazon Music, Deezer e Apple Podcasts.
Os programas também podem ser baixados diretamente no site oficial do Flowpodcast, que conta com a lista de todos os episódios. Além disso, vale ressaltar também que os episódios são transmitidos ao vivo em três plataformas, simultaneamente: Youtube, Facebook e Twitch.
Os episódios vão ao ar de segunda à sexta-feira, às 20h, mas os anfitriões já avisam: às vezes o horário muda, porque quase sempre atrasa. Sendo assim, para quem gosta de conversas descontraídas com os mais diversos convidados, de famosos a especialistas, todo o dia tem conteúdo no Flow.
Vale a pena ressaltar também que é possível ouvir todos os episódios do Flow Podcast no próprio site do grupo. Lá, na aba de episódios, basta selecionar o programa desejado e ouvir através de um player online.
Em três anos de produção de conteúdo, muita gente famosa, desconhecida e interessante já passou pelos microfones do Flow Podcast. Isso faz com que o programa tenha uma série de conversas memoráveis que, certamente, valem a pena ser conferidas pelo público que ainda não conhece o canal.
Uma das conversas mais longas do programa, com mais de quatro horas, foi justamente com Rodrigo do Spooky House. No episódio de número 242, o convidado conta a história de como começou a ver espíritos na sua adolescência e diversas passagens relacionadas a espiritualidade de uma maneira geral.
Outro episódio de destaque do programa é o de número 154, com o convidado Vitor Metaforando. Vitor é conhecido na internet por analisar diversos vídeos e entrevistas e argumentar em cima dos depoimentos das pessoas, explicando se elas estão ou não mentindo, se estão se sentindo confortáveis e por quê.
E por último, vale citar também uma das entrevistas do Flow Podcast com Gaules, um dos maiores, se não o maior, streamer brasileiro da Twitch TV. No episódio, Gaules fala um pouco sobre a sua trajetória de vida, de dificuldades e sucessos com muito humor.